terça-feira, 14 de julho de 2020

CORAÇÕES PERTURBADOS

Texto: Jo.14-1

Antes de Jesus ser preso na noite em que foi traído por Judas, Jesus encorajou seus discípulos com essas palavras. Na verdade, quem não tem experimentado ansiedade e medo ao enfrentar um futuro desconhecido que promete perigo e assombro?

A insegurança intensa e os temores horríveis fragilizam as emoções e perturbam o nosso coração. Ameaças físicas tiram a paz da pessoa ameaçada porque ela não pode calcular a intensidade do sofrimento que virá.

A imaginação age como um carrasco desmontando a segurança da vida interior diante da possibilidade de torturas ainda não sentidas. O sofrimento que somos incapazes de processar, aflige a alma com dores quase reais, dores agudas e insuportáveis.

Perturbação ocorre quando um médico anuncia tristemente que o câncer que devora as células saudáveis não tem cura. Quais são os sentimentos que desestabilizam o coração no momento em que alguém recebe uma notícia dessa?

Mc.14-50 - Jesus sentiu essa dor na noite da traição. Todos os discípulos fugiram quando viram os soldados romanos se aproximando para prender Jesus. A reação que eles tiveram foi de abandonar Jesus. Uma reação natural do ser humano ao se confrontar com uma ameaça que ultrapassa os recursos disponíveis ao coração.

Pedro, mais corajoso, acompanhou o desenvolvimento mantendo sua distância do foco do perigo. Quando, porém, foi acusado repetidas vezes de ser seguidor do réu, negou com veemência e juramentos, afirmando que não era.

Aí está mais uma maneira de se tentar escapar do perigo assombroso.

Naquelas horas em que o perigo mortal se aproximava, Jesus declarou: “Não se perturbe o seu coração; creiam”! Mesmo ouvindo isso de Jesus eles acharam que o melhor era negar, fugir, se esconder. É bom ouvir do Senhor: “Não se perturbe o coração”.

O escudo para o crente fiel continua sendo “Crer”. Crer, no sentido empregado por Jesus, significa confiar na soberania Dele e na poderosa transformação da ameaça em bênção.

Crer em Cristo significa confiar Naquele que, de sua espontânea vontade, aceitou a cruz e todas as agonias inconcebíveis da morte do Filho perfeito.

O profeta Isaías relatou esta verdade: “Meu servo justo justificará muitos e levará a iniquidade deles” (53.11). Os piores e mais terríveis sofrimentos que a vida ou a morte podem lançar sobre nós foram levados pelo nosso substituto divino.

É essencial que creiamos nesta verdade para nos beneficiarmos deste recurso eterno. “O aguilhão da morte é o pecado”, disse Paulo (1 Co 15.26), mas se Jesus tomou sobre si o castigo de nosso pecado, que sofrimento sobrará para justificar os nossos temores? Receber pela fé essas palavras preciosas deveria anular a nossa ansiedade e o nosso medo.

Após a ressurreição de Jesus, Pedro mostrou uma invejável segurança e coragem. Acusou os judeus na mesma cidade em que Jesus foi condenado e crucificado. “Vocês”, disse ele, “com a ajuda de homens perversos, o mataram, pregando-o na cruz” (At 2.23b).

O que mudou nesse discípulo amedrontado, que buscava com juramentos negar sua passada intimidade com Jesus? É que o homem pacífico realiza mais bem do que aquele que é simplesmente instruído na palavra. O homem bom, pacífico, vira todas as coisas para o bem.

Mas o caminho da paz depende da fé em Deus e no Senhor Jesus, que passou pelo vale profundo da morte e falou para seus seguidores: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou, não vô-la dou como dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (Jo. 14.27).

Paulo descreve esta paz que excede todo entendimento como “fruto do espírito”, junto com o amor e a alegria (Gl 5.22). Não se compara com a paz que um psicólogo possa prover, nem nunca trará uma solução perfeita quando o nosso coração estiver sombrio diante das ameaças de notícias desastrosas. 

Se um dos maiores males que afligem a civilização ocidental hoje é o stress, resultando em depressão, vale a pena atender a recomendação de Jesus Cristo.

“Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus, creiam também em mim”!

Você crê? Então não deixe seu coração ficar perturbado quando chegarem notícias que possam abalar grandemente a tua alma.