terça-feira, 17 de setembro de 2019

O EVANGELHO DA LIQUIDAÇÃO

Texto: II Co.2-17

Sabe aquelas mercadorias encalhadas que estão empoeiradas nas prateleiras ou vitrines das lojas? Aquelas que não foram vendidas por bom preço na temporada e agora vão parar na banca de liquidação?

Os comerciantes costumam dar generosos descontos no preço destas mercadorias para se verem livres delas, pois elas na verdade, se continuarem no estoque, acabam representando grande prejuízo.

Essas mercadorias de liquidação geralmente enchem os olhos dos clientes. O comprador não está muito interessado na etiqueta do produto, ele quer é fazer um bom negócio,  obter lucro, mesmo sabendo que não está adquirindo um bem durável.

Mas essas mercadorias baratas, geralmente não são boas. São fundo de estoque, são objetos sem valor substancial. Qualquer preço está de bom tamanho. Isso também está acontecendo nas igrejas. 

Confesso que nunca vi tantas ofertas e bençãos sendo ofertados nas igrejas como nos dias de hoje.

O Evangelho de Jesus Cristo ultimamente tem sido oferecido em muitos bancas de igrejas. Se tem feito muitos cultos de liquidação. O Evangelho virou uma mercadoria barata que se encontra em qualquer esquina negociada por comerciantes que prometem inacreditáveis descontos aos interessados em adquirir seus produtos da fé.

Este evangelho promocional, certamente não é aquele ensinado por Jesus no Evangelho de João 16.33 que diz: “Tenho-vos dito estas coisas, para que em mim tenhais paz. No mundo tereis aflições; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”.

Este evangelho não pode ser o mesmo que foi pregado pelo Apóstolo Paulo, o qual dizia: “Transbordo de gozo em todas as nossas tribulações”  2Co.7.4.

Absolutamente o evangelho de liquidação não pode ser o mesmo dos apóstolos. O céu tem preço bem baratinho. É encontrado facilmente por um bom preço, só que não resiste às intempéries das provações e tribulações da vida cristã. O comprador é iludido pelo comerciante lhe promete sucesso pleno em qualquer circunstância, bastando apenas “comprar” o amuleto da fé.

A propaganda deste pseudo-evangelho promete que seus “clientes” não passarão por dificuldades financeiras, possuirão o melhor desta terra, riqueza e status farão parte do seu cotidiano. Asseguram que as enfermidades não atingem seus “fregueses”.  Doença é coisa de ímpio assim dizem eles.

Dor e sofrimento não estão incluídos no pacote promocional da fé. É só alegria, gozo e felicidade. É satisfação garantida, só que não tem devolução do dinheiro. Não adianta dar queixa no Procon! Se o "produto" que você comprou não deu certo é porque a tua fé é pequena! Mas não se preocupe! Vem aí novas campanhas com novos produtos! Tem liquidação para o ano todo!

Quanta irracionalidade! Isso parece uma ficção, mas é a realidade do que hoje isso está acontecendo no mundo religioso. Muitas promessas de prosperidade e possessões, basta apenas “decretar” a vitória que ela vem, sem se importar se o discípulo vive uma vida íntegra para com Deus.

Hoje não existe mais aquela preocupação de agradar a Deus com uma vida santa, pois se precisamos de algum “milagre” é só ir no “supermercado da fé” e fazer uma campanha e dar uma boa oferta que a vitória será decretada pelo pastor, pelo bispo, ou pelo apostolo. É simples assim!.

O que está sendo feito do Evangelho Verdadeiro? Onde está a sã doutrina dos apóstolos? Doutrina? Alguém ouviu a palavra “doutrina”? Mas será que algum crente hoje sabe o que significa a palavra doutrina? Ah, é melhor nem tocar nisso não! Não é bom falar na igreja senão os crentes vão embora!

O apóstolo Paulo disse aos crentes da Galácia: “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos pregasse outro evangelho além do que já vos pregamos, seja anátema.” Gl 1.8. É pena que os "cliente" não sabem disso!

Os filhos de Deus merecem o melhor, é claro, e como seria bom que o melhor desta terra fosse dado aos verdadeiros servos do Senhor. O que mais impressiona é a maneira que os mercadores da fé promovem as bênçãos de Deus sem nenhuma responsabilidade de vida santa. São promessas que a Bíblia não faz. 

A Bíblia nos ensina buscar em primeiro lugar o Reino de Deus para que as bênçãos possam vir sobre nós. Não pode ser o contrário. O Evangelho de Jesus Cristo não nos afugenta das lutas e provações, ele nos ensina como enfrentar esses temporais, nos encoraja e nos fortalece.

Paulo, o apóstolo, era um homem que sabia o que era sofrimento (2Co 11.24-27), um homem capaz de cantar em situações adversas (At 16.25). Um homem capaz de escrever na prisão uma carta cujo tema era alegria, (Fp 4.4) . Era um homem que terminou seu ministério na prisão fazendo declarações de campeão (2Tm 4.7).

Paulo via as tribulações como escola de Deus para lhe ensinar grande lições. (Rm 5.2-5).

Pastores, proclamem com virtude o Evangelho vivo do Senhor! Deixem de lado o  evangelho da liquidação e atentem para o que nos ensina a Palavra de Deus. Não pregue um evangelho anátema! O céu não está em liquidação! Um dia Deus vai cobrar de cada um a obra que fizemos em prol do Reino de Deus. 

Encerro com um versículo escrito pelo apóstolo Tiago “Bem aventurado o homem que suporta a provação; porque, depois de aprovado, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que o amam”. Tg 1.12.

Que o Senhor nos revista de sabedoria e discernimento para que não venhamos a pregar e abraçar um evangelho de falsas doutrinas e de portas largas!




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